quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O homem que estourava no cais (2)



Ele estava sentado em sua cama, como o autor que escreve por entre essas letras agora. Sentado refletindo a tristeza e com um carregamento de pesos em seu minúsculo coração..
Então ele nem pensou, não queria fazer isso pois saberia que se desanimaria. Colocou a imaginação pra funcionar e se imaginou se vestindo de um pequeno palhaço. Ele saia de casa, andava calmamente até o shopping da vizinhança, então começava a se vestir e se maquiar na frente do espelho..

Seus olhos marejavam quando ele pensava o quão bonito seria quando ele saisse  do banheiro totalmente vestido de felicidade, com aquele olhar que está encarando o mundo pela primeira vez e quando tem o primeiro contato visual encarando o segurança do shopping. Eles se olham, curiosos um pelo outro. O palhaço então se vai.

O peso de seu coração pareceu ficar mais pesado por agora carregar a forte imagem em sua mente, quando o pequeno palhaço andava pelos ruas e parecia desorientado quanto a sua expressão. Não sabia se deveria sorrir como todo o palhaço faz ou se deveria parecer normal. Pensava assim por achar que não se sentia preparado para viver completamente aquele momento e, se vivesse, seria só por alguns minutos que não retornariam. Mas procurando ignorar tais pensamentos, decidiu não fazer nenhum dos dois e ser o que ele era. Logo descobriu que essa não foi uma decisão ruim, pois a tanto andar como queria, sorriu para si mesmo.

Agora meu mundo me parece mais triste por eu não ser o pequeno palhaço. Mas eu poderia ser que nem ele? Poderia eu deixar de olhar tão para frente para tentar enfrentar o agora? Poderia brincar de andar com os meus pés virados como Chaplin fazia e olhar para as pessoas...

...tem alguma maquiagem aqui por perto?

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