- Olha, que legal! Olha, que legal! Olha, que legal! - repetia a criança entusiasmada olhando para a janela que revelava o subsolo da estação do metrô. Eu olhava distraído no relógio esperando a hora passar quando ouviu essa repetição no mínimo mais de cinco vezes, seguia depois de um:
- Olha, que irado! Olha, que irado! Olha, que irado!
Na sinceridade de uma criança contando uma experiência, ele me disse:
- Eu nunca andei de metrô.
E me olhando bem a fundo, ele me pergunta:
- É legal?
Comecei a gaguejar pelo tamanho da surpresa que me engasgava. respondia "é bem legal." e via como ele ficava animado em perguntar mais e tentar ter uma ideia do incrível momento que iria viver daqui a alguns minutos:
- Você já andou de metrô? Como é? Tem muita gente?
- Nesse horário não, mas geralmente é bem cheio.
- Eu vou pra Estação Shopping, é longe?
- Não não - respondia.
Ele voltou a olhar para a janela do subsolo. Sua cabeça devia imaginar um milhão de coisas por segundo: Qual lado eu vou pegar? Como será que entra? Ele vai rápido? Vai devagar?
E então, depois de ter recuperado uma boa porção de ar, eu digo sem ele esperar:
- Tenta ficar na janela.
Pra quê. O garoto ligou um farol de luz pelos olhos. "Ficar na janela? O que tem lá? É melhor do que não ficar na janela???". Essas eram as perguntas que davam pra ler só pelo modo como seu corpo se movia.
Ele por fim, pergunta, antes de sua vó lhe chamar após ter esperado a fila e ter comprado as passagens:
- Faz tempo que você andou de metrô pela primeira vez?
- Faz - respondi - eu era do seu tamanho. Hoje nem lembro como foi na época, mas...foi bem legal.
O garoto seguiu os passos de sua avó, passou pela catraca e seguiu o seu destino. Eu lacrimejei bastante sem nenhum motivo claro naquele momento. Fiquei no meu posto e vi o metrô passar. O garoto foi, eu fiquei.
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