sábado, 25 de fevereiro de 2012

doirelato




- Eu acho que tem sim problema quando você reclama de algo mas segundos depois acaba fazendo igual. Eu mesmo percebi que fiz isso três vezes hoje. Porém isso não justifica nem a mim nem a quem fez, foi feito.
- Sabe, hoje eu acho que tive um sonho, um daqueles sonhos inventados quando a gente pensa dentro do próprio sonho, não sei explicar
- Conta
- Sonhava que existia um menino chamado Billy, alguém chamou ele assim. Ele se encontrava no asfalto, um único bloco de dois metros quadrados. Então a sua sombra começou a se separar e ir para várias direções, como se corresse na direção que ela estava. Billy ficava vendo aquilo sem pensar nada, mas quando o fez, já se percebia em outro lugar. Uma floresta.
- Que sonho psicodélico.
- Então ele se viu correndo atrás das árvores, pois ele corria corria e nunca chegava a nennhum lugar, continuava plantado onde estava. Muito tempo depois ele percebeu que não devia mais correr atrás delas.
- O que isso quer dizer pra você?
- Sei lá, vai que Billy cansou, vai que as árvores deviam correr atrás dele agora, se fosse tão importante assim pra elas. Só sei que ele ficou por lá um tempo até eu acordar...e dormir de novo.
- Por isso você chegou atrasado hoje né?
- Shiu.

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Eu andava em passos rápidos, movido por um música de batidas fortes, pela serena noite que anunciava uma chuva. O efeito que eu esperava finalmente tinha começado. Eu podia andar devagar e rápido ao mesmo tempo, com os olhos fixados no que havia na minha frente, nos prédios e no céu que me rodeavam nessa cidade. Me vi como o menino no espelho, como Fernando Sabino me ensinou em seus relatos. Eu vi que podia pular sem sair do chão, eu vi que podia gargalhar sem abrir a boca, sorrir sem levantar as bochechas.

Não há s, não há plural, tudo é um singular.

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