quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O amante de Lady Chatterley - Capítulo VII


- Haverá verdadeiros homens no futuro - afirmou Tommy. - Homens reais, inteligentes e sãos...e mulheres sãs e gentis! Não será isso uma mudança, uma grande mudança? Nós não somos homens, e as mulheres de hoje não são mulheres. Não passamos de provas, de experiências mecânicas e intelectuais. Poderá advir uma civilização de verdadeiros homens e de verdadeiras mulheres, que substituam êste nosso grupo de bonecos sem maior desenvolvimento mental que uma criança de sete anos. Seria ainda mais surpreendente do que homens-fumaça e bebês em garrafas.
 - Oh! Quando começam a falar de verdadeiras mulheres, eu abandono a partida - protestou Olive.
- Certamente, a única coisa de algum valor em nós é o espírito - disse Winterslow.
- Espírito! - chasqueou Jack, erguendo intencionalmente o copo e bebendo o seu whisky-and-soda.
- Julga assim? Sou pela ressurreição do corpo! - disse Dukes. - E isso virá, quando sacurdirmos de nós todo o peso do espírito, do dinheiro e do resto. Teremos, então, a democracia do contato, em vez da nossa democracia do bôlso.
Alguma coisa vibrou no coração de Constance: "Eu sou pela democracia do contato, pela ressurreição do corpo!" Embora não soubesse o que isso queria dizer, fêz-lhe bem a frase, como acontece com muita coisa incompreensível.
Nao obstante, achava tudo aquilo terrivelmente idiota e estava saturada de tudo - de Clifford, de tia Eva, de Olive, de Jack, de Winterslow e do próprio Dukes. Palavras. Que inferno, aquêle contínuo matraquear de sons!

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