sábado, 8 de setembro de 2012

O homem que estourava no cais (3): O final do encontro


Foto tirada por Semelis


- Eu poderia falar durante horas! Você iria se cansar de toda essa bobagem...
- Assim como você está cansada?
- É...se eu fosse colocar tudo isso em um texto, seria o texto em que eu queria que todos lessem, mas eu tenho vergonha. Tenho vergonha pois é eu sei que o mundo é injusto, que tem pessoas que querem o meu bem, mas não estão perto para tal.

Ele abaixa a cabeça enquanto espera ela falar. Tal gesto lhe pareceu como uma permissão. Como se ele dissesse "estou ouvindo você". Seus ouvidos agora estavam abertos para ouvir o tanto de bobagens que ela fosse dizer.

- A gente faz coisas o tempo todo...
- todo o dia...
- E no fundo talvez o que aconteça é algo dentro da gente falando "esse não sou eu.". Eu estou fazendo isso, estou indo pagar minhas contas, estou indo pra minha faculdade, estou fazendo coisas. É o meu corpo que está fazendo, mas eu não sinto que sou eu. Só sinto que estou ligada no automático. Estou incomodada.
-Deixe-me fazer uma pergunta: Qual foi a última vez que você se sentiu relaxada e não dormiu logo em seguida?
- Como assim?
- No nosso dia-a-dia, nosso corpo já se acostumou tanto no ato de só descansarmos quando vamos dormir, que quando tentamos somente descansar, ele já entende que está na hora de fecharmos os olhos.
-...

Ele toma um gole d'agua e espera pacientemente. Não há pressa para nada. Por ter o timing dos momentos certos, ele diz:
- Triste não é?
- É mesmo.
- O que você quer fazer?
- Como assim?
- Você entendeu.
- Hmm, sabe o que eu queria? Queria saber se, em algum universo paralelo, você estar triste, se sentir triste ou desabafar de suas tristezas juntasse ao seu redor, pessoas que se sentissem como você. Não vou ser dramática ao extremo, mas eu tenho certeza que nesse momento eu arranjaria um bocado de amigos. Eu, eu tenho vergonha.
- Imagine só...
- Eu queria poder te dizer todas as coisas que eu sinto, eu poderia gastar muitas horas com isso! Mas...eu queria que isso chamasse a atenção de todas as pessoas das quais um dia eu conversei, um dia eu paguei mico. Eu queria a atenção de todas elas! Se elas estivessem me lendo, assim como eu talvez pudesse ler as tristezas delas, eu gostaria de me desculpar por tudo o que eu fiz um dia. Eu devo ter decepcionado tantas pessoas, amigo.
- Um dia eu tive um pensamento. Pensava que deveria ter um carro, pois assim eu poderia chamar meus amigos pra sair comigo. Ficaria mais fácil não é? Poderiamos sair pra onde quisermos, porque eu teria um carro...
- Isso não é tão importante assim, você sabe...
- As vezes não sinto que estou aqui...me sinto automático, como você falou.
- Eu queria que todos ouvissem isso, eu queria um pouco de atenção...
- As vezes eu só sinto que estou andando atráves das coisas...
- As vezes eu sinto que nada está de fato acontecendo...




quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O homem que estourava no cais (2)



Ele estava sentado em sua cama, como o autor que escreve por entre essas letras agora. Sentado refletindo a tristeza e com um carregamento de pesos em seu minúsculo coração..
Então ele nem pensou, não queria fazer isso pois saberia que se desanimaria. Colocou a imaginação pra funcionar e se imaginou se vestindo de um pequeno palhaço. Ele saia de casa, andava calmamente até o shopping da vizinhança, então começava a se vestir e se maquiar na frente do espelho..

Seus olhos marejavam quando ele pensava o quão bonito seria quando ele saisse  do banheiro totalmente vestido de felicidade, com aquele olhar que está encarando o mundo pela primeira vez e quando tem o primeiro contato visual encarando o segurança do shopping. Eles se olham, curiosos um pelo outro. O palhaço então se vai.

O peso de seu coração pareceu ficar mais pesado por agora carregar a forte imagem em sua mente, quando o pequeno palhaço andava pelos ruas e parecia desorientado quanto a sua expressão. Não sabia se deveria sorrir como todo o palhaço faz ou se deveria parecer normal. Pensava assim por achar que não se sentia preparado para viver completamente aquele momento e, se vivesse, seria só por alguns minutos que não retornariam. Mas procurando ignorar tais pensamentos, decidiu não fazer nenhum dos dois e ser o que ele era. Logo descobriu que essa não foi uma decisão ruim, pois a tanto andar como queria, sorriu para si mesmo.

Agora meu mundo me parece mais triste por eu não ser o pequeno palhaço. Mas eu poderia ser que nem ele? Poderia eu deixar de olhar tão para frente para tentar enfrentar o agora? Poderia brincar de andar com os meus pés virados como Chaplin fazia e olhar para as pessoas...

...tem alguma maquiagem aqui por perto?

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O rascunho Encoberto



-Sabe, depois disso que você falou, vendo o quanto você se importa comigo...eu só posso pensar agora que eu realmente devia sentir que te amo. Você seria facilmente a pessoa que eu amaria com todo corpo e alma. Porque eu não posso te amar? Você também não me ama e está tudo bem, mas um de nós deveriamos...

E é chegada a hora, de você sentir aquele aperto no coração e até uma vontade de rir de tanta estranheza. Não sabemos conviver com isso, não saberiamos viver com aquilo que desejamos que nossa vida fosse. A questão não é se você falou ou se você ouviu, mas sim que você estava ali.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Uma noite na Galleria


-Hey Franz, vamos na Galleria? Disseram que ela não vai mais abrir depois de hoje. Manda teu nome pra lista que eu te encontro lá.

    Em sua longa viagem, nosso personagem pensa sobre a última vez que ele irá visitar nesse museu de grandes novidades, a primeira (e única) vez que ele irá adentrar naquele espaço onde todos falavam com certo temor. Temor de coisas que aconteciam, mas só ouvia falar. Outros quando ousavam se dar pela necessidade de conhecer, acabavam por experimentar das tantas delícias que tal lugar proporcionava. Outros acabavam por virar parte das molduras das décadas de sua existência.

Vocês três, nome na lista?
- Gustav Klimt
- Franz Kline
- Cindy Sherman, hoje é meu aniversário! Uhul!

- Parabéns! Ai está o seu passe para visualizar as nossas grandes obras! Aqui é muito agitado sabe? Por isso toda essa organização. Os quadros sempre estã te observando, mas...psiu! Segredinho viu?
Alguns passos a frente, Kline diz:

- Hey, eu encontro vocês mais pra frente, vou dar uma volta por aqui e ver se eu encontro com a ela.
- Ok. Quem sabe a gente encontra você de novo

    Quadros, quadros e quadros. Em todo lugar haviam poses, cores, traços que a opinião geral saberia reconhecer a época de sua criação. Era tudo tão interessante de ser visto, mas só. Interesse depende de quem se interessa e nosso personagem é um observador das artes mais variadas. O lugar de exposição contava com as mais diferentes luzes, como se fosse uma homenagem a todos aqueles quadros, todos os artistas e inclusive a toda harmonia que aquele ambiente passava ao longo dos anos, junto com a história sendo contada em suas horas finais. O tempo passa conforme sua vontade e pelo jeito ele gostou daquele lugar por seu determinado período.

    Encontrando com sua amiga Sally Mann, pessoa na qual o chamou, ela o apresenta para o primeiro quadro da noite: Man with a Newspaper.  O desenho de um jovem ocupava o centro do espaço de um dos quadros. Sinceramente? Me parecia o dos mais comuns de se ver. Não entenda mal a opinião desse narrador, mas somente quero dizer que esse tipo desenho jovem me parece o tipo que sempre aparecerá em outros quadros. Um personagem comum em toda essa rede de obras, como se não tivesse problemas para socializar. Bom, pelo menos em obras de sua década. Não é a toda que esse personagem comum acompanhou Kline durante toda sua excursão com um olhar acostumado e esperando algo.
    A noite se alongou assim como os corredores da Galleria, porém encurtavam em seus lados a cada passo que era dado. Sua amiga ficou para trás pois estava a admirar. Olhava para um quadro de molduras um pouco robusta, de um cocheiro segurando a mão de uma dama para subi-la em sua carruagem, enquanto seu irmão mais novo aproveitava a situação para olhar por debaixo de sua saia. Pelo que o quadro aparentava, tanto fez como a dama levou a sua noite de diversões, pois ela ainda assim foi embora sozinha. Franz olhava várias vezes para trás, porém sabia que não deveria interromper sua admiração, até porque ele era muito tímido para tanto. As vezes falava mal de si mesmo por isso, mesmo sabendo que essa não seria a solução de seus problemas passageiros.
    Kline encontrou vários quadros cujas obras ele reconhecia de longe. Umas ele simpatizava muito e se alongava a olhar seus detalhes. Outras ele só se certificava de lembrar como a ordem das coisas eram, como não esperando nenhuma surpresa reservada naquele espaço para surpreendê-lo. Era sua primeira vez naquela Galleria, porém sabia muito bem como eram as políticas, como eram os donos do patrimônio e principalmente, como eram seus quadros. Pelo menos alguns ele sabia de cor, mas não todos. Ele se perde de todos e somente aquele jovem o segue com os olhos. Em certo momento, certamente um dos maiores de sua noite, Franz Kline leva um grande susto ao virar o corredor e dar de cara com o quadro desse jovem sendo iluminado por uma luz negra.
    Era simplesmente assustador e por uns segundos poderia ter sido aterrorizante se ele continuasse a encara-lo. O jovem o olhava como se perguntasse poque estaria nosso personagem tão assustado. Mal sabia que sua aparência havia mudado. Aquele quadro, aquele jovem de cor pouco morena assumiu em sua maioria o tom azul da luz e seus olhos receberam um notável círculo branco em torno de sua pupila. Segundos foram que nem horas e Kline teve certos pesadelos em relação a isso.

    De repente um ambiente místico começa a se formar e uma fina camada de fumaça se alastra pelo chão enquanto árvores começam a se levantar. Um grande quadro de um bailarino dançando estava a sua frente. O curioso e talvez seja uma das coisas que faça esse ingênuo narrador rir, é ver como o bailarino recebeu bem o visitante. Seus olhares enquanto se moviam faziam parecer como se a despedida da Galleria fosse para ele, como se fosse um quadro que tivesse história naquele lugar. Curiosamente era o único quadro de um dançarino. O dançarino sozinho.
   Em sua despedida, o dançarino estica seu braço como se o convidasse a participar de sua década, sua dança e sua arte.
   Kline embaraçado com tal atitude, por pensar que o artista não havia percebido que ele não era um quadro, a partir de conselhos de Chacons em sua cabeça, diz:

- Me perdõe bailarino solitário, mas não é de minha natureza habitar em quadros como o seu. Eu não sou uma pintura. Veja, eu nem tenho moldura! Porém eu entendo o motivo pelo qual você foi levado a esse equivoco. Eu faço meus passos, porém, de novo, não é de minha natureza habitar em quadros como o seu. Veja, eu nem tenho pintura!

   A fumaça sobe até por cima de seus cabelos e como se fosse arrastado para trás pelo chão, Kline se vê para perto da entrada da Galleria. Sua excursão estava chegando ao final.
    Mas olhe! Essa não é a verdadeira saída! É só mais uma sala para uma rápida excursão da manhã. Nosso querido personagem já se encontrava sozinho. Não haviam conhecidos ao seu redor, somente quadros observando-o atentamente, sussurando um para o outro e as vezes perguntando em voz alta, em tom de espanto:

- Como? Ridículo sua afirmação! Como podes dizer que tu não és um quadro?
- Olhe para essas pernas, reconhecemos esses traços em nossos cantos! Não me venha dizer o contrário, nem visitante eu me atreviria a te descrever.
- Venha, habite em meu cenário agora! Lhe mostrarei meus traços e o porquê todos me reconhecem assim que lhe vem a mente meu nome. Muy belo tu és para não ser um quadro! Hei de pela força colocar molduras nessa cintura!
- Há! Cativas até os mais prezados da arte de presença Noverrana. Porém devo admitir que esse ai pouca experiência tem em sua década. É um dos mais loucos carnais. Os arcaicos passam longe de sua presença e os barrocos não conseguem manter diálogo. Entretanto ele tem sua dose de razão. É de todo dever você experimentar o píncel que nos pintou.
    O jovem conhecido de todos diz, sendo discreto em certos movimentos:
- Não ligue para eles, mas fique aqui e beba conosco até o crepúsculo!

Franz responde:
-Devo partir. Tenho que escrever quantas coisas tive a oportunidade de presenciar nesse lugar.

 -Tolinho! Para que vais escrever quando poderia ser que nem eu? Não preciso de descrição, pois as pessoas me observam e sabem imediatamente o que eu quero passar ou quem eu sou. Nós quadros somos assim! Não posso deixar que você  parta!

    Então o quadro de tamanho médio começa a perseguir nosso personagem. Kline corre em desespero, desespero de não querer terminar a noite em princípios de violência para defesa. Não é bom para sua mémoria e parecia ser mais saudável, em consideração a noite que teve, continuar o jogo de corre corre até conseguir alcançar a saída. O chão começa a se mover para trás como uma esteira, retardando seus movimentos e levando-o de encontro para o quadro promíscuo, no qual tentava loucamente segurar sua cintura.
    Em um último e motivado movimento , Kline pula para fora da saída e consegue se livrar das mãos do temido quadro. Surpreendemente até esse distraído narrador podia ouvir risos vindos da própria Galleria, que enquanto desaparecia em tempo e espaço, soltava gargalhadas de alegria e frases como:

- Foi muito divertido!
- Hey, volte de novo para dançar.
- Vamos nos encontrar novamente.
- Gostamos muito de você, sir.
- Traga sua presença para mais um vinho.
- Você sabe que iremos nos ver de novo! Hahahaha
- Adeus...
- Nos veremos logo...










    Olhando para trás, nosso personagem encerra sua noite voltado diretamente para onde a manhã se revela com o seu sol de domingo. Uma noite carregada de altos e baixos. Mesmo com a Galleria desaparecendo, sua mémoria pretende guardar todo os acontecimentos e também transcrevê-los em blocos de papel.




Boa noite Galleria...






sábado, 7 de julho de 2012

Uma parábola fácil



Se você um dia tivesse a curiosidade de procurar o seu nome na internet, sem expectativa nenhuma de encontrar algo relacionado a você, ficaria surpresa. Ficaria surpresa por perceber durante a sua pesquisa, que eu me perguntava frequentemente onde você está.

E eu volto a perguntar, onde está Renata Nobre?

No meio da noite eu mando mensagens para um número que eu nem sei mais se existe, e penso como a vida tem te tratado junto ao clima mais acertado do sul. Junto com a minha estranha impressão de ver o sol se pôr tão tarde.

Onde está Renata Nobre?

Aprendi a doar o que era importante para mim e em troca eu ganhei a melhor das mémorias que eu vou levar pra vida.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Ele falou e disse.

Meu pai as vezes assobiava na rua, como se esquecesse do presente divorciado e voltasse ao tempo da juventude. Como se voltando para alguém, ele andava enquanto olhava para a morena da rua, e cantava:

-Mulher, se Deus não criasse você, Ele próprio custava a crer...

E o que o rosto virava tentando se fazer de díficil, o corpo brincava no ritmo do assobio. Meu pai era o garanhão da parada. E todo mundo cantava em coro:

-Formosa! Ele também sabe dançar e lá ele se vai...

Em uma vida tão díficil como essa, meu pai me ensinou a ser um cara mais leve. Ensinou a não ser ingrato, pois todos sabem sambar no compasso da canção e um dia vão embora, por esquecimento. Então no final ele sempre me fazia repetir:

-Tá acabada essa parada e agora cada qual no seu lugar. Se seguir os conselhos do seu velho Pinheiro, quem vai fazer o coro vai falar:

- Láia, laía...laíaláia...láia, láia.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

(23) Sonidos de las Noches - Adios Nonino



Eu pensei durante um tempo onde eu deveria registrar essa obra (não se limita a um vídeo), e pensei que nenhuma rede social iria recebe-lo como eu o recebi (literalmente parando tudo o que tinha pra fazer). Então a vontade de compartilhar aqui.

Com vocês, Gotan Project e Astor Piazzolla com Adios Nonino
 Tudo bem que essa versão ficou de certa forma...tímida se comparada à original. Pórem ela foi modificada na proporção certa, mantendo a beleza, a intensidade de cada passo de tango, cada movimento e olhar do par.

Por isso e outras coisas que é difícil não amar o tango...muito difícil.





Cedila




Um dia eu te encontrei. Te encontrei de novo.

Era uma tarde onde pessoas mais por dentro das artes diriam que seria um dia de verão, pelas cores que continham no ambiente ao redor. Porém eu discordo, ao pensar que eu não sentia calor nenhum no momento em que eu te vi. Tudo o que eu senti foi medo. E junto com o medo veio o gelo que manteve meu corpo no mesmo lugar durante todos aqueles segundos.

Pois você estava com ela, e o que antes parecia ser uma ameaça de tamanho microscópico agora se tornava uma montanha onde eu não conseguiria ver além do que eu deveria fazer no presente. E então eu vi vocês dois juntos, de mãos dadas andando como um belo casal que muitos admiravam. Eu os vi. Vi você e sua expressão não revelava incomodo nenhum por estar junto a ela, porém você também não sorria. Será que você está feliz com ela? Será que você não precisa mais de mim e, e só me guarda como lembrança? Talvez não, eu imaginava que você estivesse mais feliz do que o que eu vejo agora. Você não havia criado alguma expectativa porém eu imaginava que se fosse pra acontecer, teria que ser de uma forma mais explosiva. Uma forma cheia de carinhos e beijos e abraços. Não, voCê não deve estar tão feliz assim. Ou eu estou enganado? Eu posso estar enganado.

Meus olhos encontraram vocês juntos e eu de súbito não me movi, não respirei. Meu corpo nem sequer entrou em algum tipo de conflito como "O que devemos fazer agora, estamos indecisos!" pois foi como se o tempo quisesse parar para eu atestar o final. A primeira coisa que veio a minha mente foi "se ele me olhar, é o fim". E então o começo da minha luta contra o meu corpo para se movimentar começou. Que se mova algo agora! Que você estrague e me coloque na pior situação possível antes que ele me veja! Meu Deus por favor por favor não faça isso agora, vai!!!! anda

Ele me viu. Virou o pescoço em minha direção como se tivesse sentido meu desespero e me encarou.

Eu olhei pra ele, assustado como se fosse um estranho no meu quarto bloqueando a minha porta.

eu, devo me mexer?

O...o que eu faç...



ele continuou me olhando e então




----
imagem feita pelo usuário whathisname

terça-feira, 19 de junho de 2012

(22) Sonidos de las Noches

Eu não to pra barulho, eu to pra tristeza o céu azul todo.


Idéias de graça nº2

Ideias não tem mais acento né? Tinha esquecido.

E se alguém criasse uma história em um universo musical brasileiro? Por exemplo se alguém criasse uma personagem como o Cartola que se apaixona por Bárbara do Chico Buarque mas antes tinha uma relação com a Risoflora do Chico Science e que vendia Maco (Chico Science e Gilberto Gil)? O João Sabino de Gilberto Gil que é conhecido da mulher de Esquadros da Calcanhoto e assim vai.

Seria uma loucura porque, se você parar pra pensar, os personagens que tem no nosso universo musical nacional é de incontável valor e profundidade. E eu nem consigo pensar em número quanto são. Seria uma história deveras interessante se alguém tivesse culhões de cria-la. E estudar muito, muito mesmo.

domingo, 20 de maio de 2012

(6) Representação da Semana



Todo mundo conhece o filme Titanic, mas poucas pessoas sabem que teve a continuação, Titanic 2. Mas quando se fala da populariedade de um filme que teve um número considerável de versões, diretores diferentes e produção, é legal lembrar desse filme de 1929. O nome é Atlantic (Atlântico), um filme britânico fazendo referência ao desastre do Titanic e que por isso foi proibido na época. O interessante desse filme é que ele foi um dos primeiros filmes britânicos que tinham som ( ao pensar que a circulação de filmes com som começou no mesmo ano que Titanic foi lançado ) e que foi produzido em várias línguas como inglês, alemão e mais tarde francês.



Se fosse comparar com o conhecido Titanic de 1997, Rose pelo que parece vai ter uma viagem bem solitária pela frente. Nada romântico na época, haha.

domingo, 29 de abril de 2012

O senhor que estourava no cais (0)




. . .Giros, giros, giros, giros. . .

Ele girava com os braços abertos, olhando para cima vendo os andares do prédio rodarem ao seu redor. O mundo todo rodava, ele se mantinha no centro de uma tarde ao horário das quatro horas com nuvens. Ele rodava só por rodar. Haveria de isso algum dia ter um motivo? Haveria de voltarmos novamente à época onde tentavamos racionalizar os sentimentos? Isso não acontecia com ele, mas uma parte dele gostaria um pouco disso.

Ele parou e continuou vendo o mundo girar, girando, girando, girando. Cruzou suas pernas, sentou e deitou no chão, olhando como se seus últimos dias naquele momento fossem como esses segundos, os segundos que terminariam quando tudo tivesse parado de girar, tudo estivesse nos eixos novamente. Ele fechou os olhos e achou novamente o peito sendo pressionado por dentro. Algo acontecia e ele não sabia explicar.

O giramundo. Ele estourava suas bolhas de sabão depois de um momento de observação. Pensava como elas adquiriam aquele formato, como saiam do círculo e principalmente, porque elas estavam flutuando. Isso tudo resumia o seu estado no momento mas na verdade ele não tinha um estado, ele não tinha uma nação, ele não tinha localização para aquele periodo. Acontecia algo com ele, eu não sei explicar. Algo em seu peito o inclinava para frente e para trás ao mesmo tempo. Ele começou a estourar suas bolhas, estourando sem pensar duas vezes, nem mesmo uma vez.

Estourava seu choro
Estourava sua frustração
Estourava sua raiva
Estourava-se, estourava tudo dentro de si, e sentia o pequeno "plock"
Ninguém sabia explicar o que estava acontecendo

Mais tarde, o senhor Giramundo voltou à sua história.

créditos à imagem aqui

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Variados



- Como assim José?
- Há vezes que a gente termina o que tem que terminar de fazer, e no final acaba gerando um certo...sentimento instrospectivo sabe? Claro que não, você é muito novo, por isso que to explicando haha.
- Mas isso não faz sentido com aquilo que você disse, porque abandonar algo que te faz sentir aparentemente tão bem?
- Veja, há pessoas que são assim, você não entende elas, e elas não querem se descobrir entendidas também. É que de certo modo eles perderam algo tão grande nesse percurso de vida lhes faltam algo. Uns perdem a maneira adequada de se expressar, outros perdem o controle, mas o caso é que você pode até ter perdido mais de uma ou duas coisas, porém se você perder a confiança, é fatal.
- Você saiu do assunto de novo não saiu?
- Não muito, veja...o que você faz quando perde a confiança em...ah, eu queria deixar isso pra lá, mas essas palavras ficam engasgadas na minha garganta entendeu. É complicado guri, é complicado moleque. Se eu fosse dar um exemplo, é uma pessoa que não consegue mais se satisfazer no carinho
- ...
- Ela tem problemas, e é um problema sério, que eu nem sei dizer se existiria soluções pra os baques da alma. Ah garoto...eu tenho as minhas feridas, mas essa pessoa, essa pessoa sofreu demais sem perceber, tão sem perceber que carregou tudo silenciosamente no peito. É triste demais imaginar o dia em que ele for abrir esse mesmo peito e colocar pra fora tudo o que ele tem.
- Perdeu a fé na obra de Deus
- Hã?
- Deus criou as mulhe pra gente não ficar sozinho, mas pelo que você tá falando, essa ai perdeu tanto que quer ser auto suficiente
- Cala a boki
- Mas e aquele assunto do interesseiro, como fica?
- Então, o que eu tava falando tava no papel e era que, o interesseiro tem a característica implícita de soltar um sorriso largo quando solta suas propostas, tentando convencer para quem o ouve que a proposta proporcionaria aquele hedoismo que todo mundo gosta. Mas não, ele não tá querendo saber dessas coisas, só quer a parte dele e aproveitar a quantidade que tiver. Já vi gente insistir até perder a noção do disfarce

(21) Sonidos de las Noches


A música que dita a minha vida, por completo.


A viagem que não teve volta.


- Senhores, hoje eu peço mais uma vez a sua atenção, venho aqui comunicar-lhes que estou chorando.

E assim iria começar mais umas horas, mais alguns minutos da vida de Billy. Colocada essa frase gravada em um pedaço de madeira, obra na qual gastou um bom tempo para completa-la, deixou aquele humilde túmulo.

Haviam se passado tantos momentos preciosos até esse dia, mais especificamente, 527.040 minutos. E lá estavam eles dois, reunidos por algo que era raro acontecer entre eles: Por um compromisso.

-Eu sinto a sua falta como uma parte de mim que me deixou pra me ver crescer. Eu costumava falar recitando poemas sabia? Hoje eu mal lembro que tenho uma voz, eu sinto sua falta meu amigo..

Prostado em frente aos galhos mais altos da grande Árvore! Uma das árvores na qual Billy sempre amou, sempre a fez testemunhar seus risos e principalmente, sempre o inspirou devido a sua grandeza, porém de alguma forma misteriosa, mantendo uma postura respeitosa a todo visitante. Hoje essa árvore está em sua maior parte embaixo das águas desse oceano que seu topo descobre a vida. Hoje eu estou chorando.

- Aconteceu tanta coisa desde que você não pôde mais fortalecer as suas raízes, meu amigo. Hoje tanta coisa que eu não sei entrou em mim, tanta coisa...Porque antes eu escutava, mas você dizia que agora eu posso produzir aquilo que eu escuto e que eu me identifico. Porque você dizia que eu tinha algo de especial em mim a oferecer...eu sempre tive a impressão que você, minha árvore, ainda está por ai criando os seus galhos...

Porque ele disse que ninguém morre, ainda mais quando Billy o guarda em seu coração.

PS: Vocês sabem aonde me encontrar nesse dia, eu vou estar lá.

domingo, 15 de abril de 2012

(20) Sonidos de las Noches

Continuando com algumas apresentações que vão ter no Sónar, agora uma nacional. Com vocês, o grande Silva!






Ideias de graça nº 1 + Reflexões "sobre a cena"

E se alguém desenhasse nos muros dessa nova Brasília, todas as apresentações mais renomadas que conhecemos?

Por exemplo o Dançando na Chuva, Grease, Os embalos de Sábado a noite. A complicação é você pensar (equivocadamente) que não há uma referência brasileira, o que não é verdade. O cinema brasileiro tem vários filmes de sucesso como por exemplo O pagador de promessas, que eu tenho ele na ponta da língua por lembrar que ele ganhou o Festival de Cannes. De fato há muitos filmes nacionais bons, inclusive feitos por adaptações literárias de autores renomados nossos. Porém eu admito que não teria conhecimento o suficiente para essa discussão.

Mas voltando a falar de algo que é tão novo que ainda nem se poderia definir por um nome, o que eu por agora chamo de "cena urbana em BSB" por assim dizer, ou seja, o movimento de pessoas e coletivos de artistas (não por serem artistas em profissão mas por fazer arte nas ruas, mesmo muito deles ter alguma ligação com a arte antes de fazerem isso) se manifestando em lugares públicos da cidade, como muros e paradas de ônibus. Pois bem, como muito dá pra notar pela maioria dessas manifestações se concentrarem nas asa sul e norte e também na UnB, poderia ser dito por cima que os que fazem isso moram nesses mesmos lugares ou perto. Também digo isso por me surpreender em nunca ter visto até hoje em outras cidades satélites como taguatinga, samanbaia por exemplo, uma dessas manifestações com marca de coletivo ou com intenção clara de mandar uma mensagem para a pessoa que visualiza. O que me faz acreditar que se isso realmente for algo que comece a crescer, vai ser pela ação de coletivos formados de cidades em cidades e não algo que acontece com o grafite.

Enfim, tudo isso é um devaneio do que eu tenho observado por ai, nada tão concreto que possa ser concordado por todos ou até mesmo duramente criticado. Acho um movimento muito interessante que ainda poderia ser abordados os assuntos da própria criatividade das manifestações visto influências estrangeiras, como a internet está se envolvendo na difusão dessas artes e mais outras coisitas. Um post pra falar de algo que não é falado.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Para quê nossa mãos trabalham?!

Dando a velha garimpada de sempre nas coisas que eu posso encontrar na internet, encontro um blog desativado, cujo conteúdo é só uma postagem, porém uma postagem que eu acredito ter abordado um tema comentado de uma forma muito interessante.

O nome do blog é Invenção Arte e Ofício e eu vou reproduzir o texto dessa postagem aqui.



Essa é a pergunta que sempre me faço. Lembro-me de um amigo artista de rua argentino, que gargalhava sarcasticamente quando falávamos em arrumar trabalho. Seu comportamento era anárquico, as vezes falava só para sobrepor seu discurso, tolerava, mas no fundo sempre soube que naquele riso tinha uma visão, uma experiência, um pensamento sobre ao que dedicamos nossas vidas. Sua apresentação era viva, era o que aprendeu a fazer por gosto e fazia sabendo que ali dedicava seu tempo, não para alguém, não só pela sobrevivência, mas pelo que amava e admirava, por algo que valia a pena, por satisfação pessoal. Essa é a resposta que quero dar para a pergunta acima. Nosso mínimo trabalho deve ser feito com atenção, nenhuma palavra deve ser escrita por acaso, nenhuma criação só pela encomenda, seus motivos devem emanar da matéria prima, de sua história, de seu por que. Para valer a pena, para transmitir algo, o trabalho deve encher nossos olhos de paixão.

Joaley Almeida é um artista popular de brasília e viajante, se você quiser por algum motivo contata-lo por ter achado interessante a descriçao do perfil ou o conteúdo do blog, contate ele por esses emails que estão no perfil:

joaleyboro@hotmail.com
joaley.almeida@gmail.com

Pesquisando seu nome, achei um vídeo dele declamando um poema e um poema na página da uol, O pensador:

Eu respiro o ar da forma bela,
bebo o leite branco da pele dela.
Fina flor pequena gota de nectar.
Se a gota é doce, sereno é o sorriso dela
se ela é fonte de vida não sei,
mas tocando-me eunão seria pedra
nem homem sem brio andand sobre a face da terra.

Definitivamente uma pessoa muito interessante que deve ser pesquisada! 

domingo, 8 de abril de 2012

(19) Sonidos de las Noches

Para paz, para fazer as pazes.





E pensar que esse cd só esta 10 reais! Veja lá: http://desmonta.com/loja-virtual/

(5) Representação da Semana



yep, por essa você não esperava

O ponto e a curva.

Ele acordou mais uma vez.

Vestiu o pijama de sempre, levantou-se do jeito de sempre, fez a rota de casa como sempre: alongamento básico, banho, café da manhã e escovar os dentes. Mais outra saída de casa igual as outras. Logo ele tinha se deparado com algo que nunca tinha visto antes: Todos estavam usando calças coloridas! Listradas, xadrez, abstratas, com uma cor viva, cores circulares, todos! O que aconteceu? Não havia um que não estivesse caracterizado de tal modo igual.

E ele não, havia construido seu modo de se vestir depois de ter pensado o que realmente gostava, tentando exteriorizar o que tinha sido influenciado em suas escolhas para achar em si mesmo o que o agradava da maneira mais pura. Ele não achava que isso era um pensamento diferente, só mais adequado para ele. Também não chegou nem a pensar o que levaria todas as pessoas a se comportarem de um modo tão único, apenas ficou com uma grande curiosidade desde então. O levou as pessoas a se decidirem? Havia tantas perguntas que queria fazer. E também havia muito a perguntar. Certa vez perguntou porque a tristeza não poderia ser bem vinda, por acreditar que não somos feitos só de alegria (mesmo necessitando dela essencialmente), porque recusar algo que lhe traz a oportunidade de pensar um pouco? Sabia que ela não poderia permanecer por tanto tempo, pois pensar demais leva a erros que não precisavam acontecer.

Quando lhe responderam que ele era triste, ele riu como fazia tempo que não havia rido. Porém se entristeceu pela resposta, mas dormiu bem. Quando lhe responderam que ele não iria conseguir essas respostas, ele entendeu. Quando lhe disseram que ele não ia ser entendido, ele não dormiu.

E lá foi ele viver mais um dia, se perguntando e perguntando a si.

domingo, 1 de abril de 2012

(4)Representação da Semana

Para compensar o domingo passado, postarei hoje dois vídeos

Hoje temos um vídeo do Vanessa Bruno, um fashion design francês, dirigido por Stéphanie Di Giusto . Por fazer muitos anos que eu não via um vídeo dos dois juntos, essa primeira parte vai mais pra mim como nostalgia. Gosto muito dos trabalhos do Giusto por ele saber usar a trilha sonora ideal para o objetivo dos seus vídeos. Infelizmente os ups dos vídeos do Vanessa Bruno estão em uma qualidade muito ruim, então se você estiver mais interessado, procure o canal dele no vimeo.




O outro vídeo é uma performance de ballet moderna feita pelo Tanknation chamado Heart In Cage. Um vídeo mostrando na dança a complicação dos relacionamentos no dia de hoje.




 E é isso ai pessoal! Uma boa semana para todos!

sábado, 24 de março de 2012

Teresa.

Teresa, não te engana.
que eu não posso voltar de um lugar
do qual eu nunca pensei em sair

Teresa, mas que olhar
qual é a dessa cabeça baixa?
olha pra frente
do lado do poente
porque lá tá o seu leme
pra remar pela maré.

E quem vai cuidar, Teresa
das sequelas desse mendigo
que de já tanto azar
se machucou tanto e ficou a pedir
caridade, só mais uma caridade silenciosa
às sombras rápidas do concreto

Às sombras, ele dizia
porque a vida passa rápido
assim como os momentos de tristeza
que eu sentia por não te ver

Então Teresa, cuida do que é teu
endireita essa saia
e respira de novo antes
de abrir a porta.

(17) Sonidos de las Noches

Nancy Sinatra, que infelizmente (ou felizmente, devido a boa qualidade) só havia conhecido por remixes que faziam com as músicas dela.
Tá ai a dica pra fechar a semana, apesar de esses três vídeos não mostrem completamente o quanto é bom ouvir suas músicas.









(16)Sonidos de las Noches

Jards Macalé, com de novo, seu extraordinário cd de 1972, Jards Macalé.



Idiotando a doninha.



Três da manhã de um domingo.

Não conseguindo dormir, como frequentemente tem acontecido, lembro que meu desodorante axe acabou. Pego ele pra ficar olhando e começo a pensar na vida, quando o pensamento vem: "E se eu conseguisse abrir essa parte de cima da lata? Eles usaram pressão pra fazer isso..."

Ai começou um leve desastre da semana.

Peguei o extrator e comecei a pinicar o tampão pelos cantos, até uma parte começar a se levantar e o meu extrator escorregar toda vez que eu tentasse abrir mais. Tentativa frustrada. Quatro da manhã: Lembrei que eu podia perfurar a lata usando um prego quente, desci para a cozinha e peguei um prego quando lembrei "Mas será que ela é inflamável? Se estourar todo mundo aqui vai acordar.". Fui ver na embalagem e dizia que era inflamável.

Decidi pegar um isqueiro, colocar no pequeno cano que coloca o bico do spray e acender para todo gás que estivesse dentro da lata se esvai-se pelo próprio bico. Acendi, e o caninho começou a acender uma pequena chama, e quando eu vi ela DERRETEU O CANO E FECHOU O BURACO.

Pronto, ai eu fiquei desesperado e sai correndo pro quintal pra deixar a lata lá e correr pro meu quarto, pensando "O FOGO VAI EXPLODIR COM A PRESSÃO DA LATA, MEU PAI VAI ME MATAR E VOU QUEBRAR A CASA11!". Voltei pro quarto, depois de três minutos desci de novo pra pegar a lata pra tentar desesperadamente abrir com uma furadeira pra tentar liberar a pressão, morrendo de medo que a lata estourasse na minha cara. Sai procurando uma tomada longe de casa, e quando achava que não podia piorar, a única que iria fazer menos barulho era a da varanda, que fica do lado de fora do quarto da minha irmã, abaixo da janela. Furando a lata e nao conseguindo resultado nenhum, sai correndo de novo com uma furadeira e uma lata na mão pra deixar tudo no quintal e ir pro quarto.

Tirei um cochilo de vinte minutos pra acordar às seis, lembrando que eu tinha que começar a me arrumar rapidamente para começar o dia, olhei pra lata e ela ainda estava inteira. Sai de casa imaginando notícias na TV dizendo que houve uma explosão terrorista em um bairro de taguatinga.

Fiquei um zumbi a semana inteira e só lembrei da lata muito depois, que inclusive não explodiu.

quinta-feira, 22 de março de 2012

(15) Sonidos de las Noches

Queria colocar Gilberto, mas não tinha a música que eu queria. Então, vai 65daysofstatic, com o cd que eu to ouvindo pela sexta vez seguida em três dias consecutivos.





3 Sorrisos

Nós nos encontramos de longe, mal esperava por ele estar ali esperando junto comigo.

E eu sorri por vê-lo.

Minutos se passam e o destino dele chega, ele se despede sorrindo.

E eu sorrio para ele, pela segunda vez.

Eu olho para ele enquanto ele anda de costas para mim, quando de repente ele se vira com cara de cansado e me dá língua, como que para descontrair e tirar uma com esse dia cruel que ele teve.

E eu sorrio mais, pela terceira vez.

Tchau amigo.

segunda-feira, 19 de março de 2012

(14)Sonidos de Las Noches

Senhoras e senhores, com vocês, Copeland cantando Every breath you take




The Dog Outwits the Kidnapper (1908)



Hoje eu vim postar um grande filme para vocês! O nome se chama The Dog Outwits the Kidnapper, que traduzido quer dizer "O cão engana o sequestrador". Ele foi um grande sucesso internacional quando foi lançado no ano de 1908. Esse filme é uma das duas regravações que o diretor Cecil Hepworth, um dos grandes diretores britânicos da época.As regravações do mesmo filme eram feitas porque o filme original, Rescued by Rover, feito em 1905, fez tanto sucesso que os negativos acabaram ficando inutilizados pela frequência do uso. Porém os filmes não eram necessariamente iguais, sua temática era a mesma mas as situações eram diferentes.

Aqui a descrição do filme:

"Cecil Hepworth's Rescued by Rover (1905) foi o sucesso internacional daqueles dias, um emocionante conto de um bebê sequestrado por um intrépido héroi canino - interpretado pela cadela da própria família Hepworth, Blair. O filme fez tanto sucesso que teve que ser refeito duas vezes depois que os negativos se desgastaram. Essa sequência mostra Blair e a filha de Hepworth's, Barbara, voltarem em outra aventura. A visão de um cachorro convicentemente dirigindo um carro não perdeu o seu valor mesmo um século depois."



Curiosidade: Esse provavelmente foi o primeiro filme onde aparece um cachorro, ainda mais fazendo o papel de héroi. Com certeza uma influência para o desenho Rin Tin Tin ( que inclusive tem uma história impressionante de como surgiu aqui )e o filme Beethoven.

Mesmo usando técnicas que hoje até leigos podem imaginar como foram feitas, o filme mantém essa emoção que foi dita, sendo divertido ver o cachorro dirigindo o automóvel. Hepworth escolheu muito bem os ângulos nas cenas para disfarçar o homem que dirigia por baixo do volante. Também percebe-se a falta de quadros de fala nesse filme.

Se quiserem ver o primeiro filme que originou os outros, Rescued by Rover, clique aqui para abrir o vídeo. Se também quiser baixar o mesmo filme, o site do diretor disponibiliza para download aqui

domingo, 18 de março de 2012

O amante de Lady Chatterley, capítulo X

 - - - - - - - - 

   Constance sentia-se à beira do fim.

   Certa tarde de delicioso sol foi à cabana;e diante dum dos ninhos viu um pinto para fora, a provocar na mãe cacarejos aflitos. Constance abaixou-se para observá-lo e caiu em êxtase. A vida, a vida! A vida nova, pura, brilhante, sem mêdo. O pintinho não mostrava mêdo; passeou por ali e retornando à gaiola desapareceu sob as asas da galinha alvoroçada. E por entre a plumagem materna a sua cabecinha ficou a espiar o cosmo.
   Constance sentia-se encantada, mas nunca, como naquele momento, foi maior o seu desespêro de mulher sem dono --- desespêro já intolerável.
   Passou a ter m só desejo na alma: Ir à clareira dos faisões. O resto não passava de senho penoso. Mas muitas vêzes tinha de ficar retida em Wragby pelos seus deveres ede dona de casa.
   Um dia, sem se preocupar com a vinda de hóspedes, escapou depois do chá. Era já bem tarde. Atravessou o parque a correr, como se temesse algum chamado ! O sol desaparecia quando penetrou na floresta.
   Alcançou a clareira a suar e quase inconsciente. Lá estava o guarda em mangas de camisa, fechando as gaiolas dos faisõezinhos para o sono da noite. Três pintos ainda estavam de fora, desatentos aos apelos da galinha alarmada.
   - Nao pude evitar vir ver êstes amôres - disse ela arquejante, com um tímido olhar para Mellors e quase inconsciente de sua presença - Há alguns novos?
   - Ao todo, trinta e seis - respondeu Mellors. - Não está mau.
   Constance acocorou-se diante da última gaiola. Os três pintos retardatários vieram e sumiram-se sob a galinha. Por m momento suas cabecitas reapareceram a espiar por entre as pernas; por fim recolheram-se.
   - Eu queria tanto pegá-los - disse Constance; e enfiou a mão, timidamente, através das grades. Mas recolheu-a logo, tal foi bicada da mãe ciumenta.
   - Como é brava! Esta galinha odeia-me, a mim, que nunca lhe fiz nada.
   O guarda, ali perto, deu de rir; depois acocorou-se-lhe ao lado e correu a mão pelo dorso da galinha, que o bicou mas com menos ferocidade; e lentamente deu jeito de furtar um dos pintinhos.
   - Aqui o tem - disse, apresentando-o a Constance.
   Ela tomou nas mãos, com carinho, aquêle átomo de vida palpitante; mas, mesmo assim, o pinto lançou um olhar agudo em redor, e pôs-se a piar.
   - Como é adorável - disse ela -, e impertinente!
   O guarda, de cócoras, ao seu lado, tinha os olhos na cena; súbito, viu uma lágrima cair sôbre o punho da moça. Levantou-se e foi para a outra gaiola. É que sentira reacender-se em seus rins a velha chama, a chama que julgara para sempre extinta. E lutou contra ela, de costas voltadas para Constance. Mas a chama não esmoreceu.
   Mellors voltou o olhar para Constance. Via-a ainda de joelhos, estendendo as duas mãos espalmadas para que o pintinho voltasse à sua mãe. Havia nela qualquer coisa de tão mudo, de tão desolado, que suas entranhas de homem se comoveram. Sem saber o que fazia, aproximou-se de súbito, ajoelhou-se de nôvo ao seu lado, tomou o pintinho e o recolocou sob a galinha. No íntimo dos seus rins o fogo rebentou incoercível.
   Olhou para Constance, qe desviara o rosto e chorava cegamente na agonia da sua geração perdida. E o coração de macho fundiu-se de repente. Mellors apoiou a mão no joelho de Constance.
   Ela escondeu o rosto, o coração partido, indiferente a tudo.
   A mão do guarda pousou-lhe sobre o ombro e de leve deslizou-lhe pelas costas até a cintura, num movimento caricioso e cego. Acariciou-a docemente, numa carícia instintiva e cega.
   Constance havia apanhado o lenço e enxugava o rosto.
   - Venha para a cabana - disse Mellors tranqüilamente.
   E, segurando-a pelo braço, ergueu-a do chão e levou-a sem pressa para a cabana, só a largando quando a viu dentro dela. Afastou a mesa e a cadeira; tirou da caixa um cobertor militar escuro e o estendeu por terra. De pé, imível, Constance o olhava nos olhos.
   Mellors tinha o rosto pálido, e sem expressão, como o dum homem que se submetesse ao destino.
  
- Deite-se - disse êle; e fechou a porta, deixando o recinto em completa escuridão.

 - - - - - - - -

(3) Representação da Semana






Isso é uma nuvem de verdade!

"Probe é um espaço de exibição, com muros não maiores do que 1,10 metros e superfície de aproximadamente 6 metros. É um labolatório de teste, uma pequena caixa artística. Sua pequena e prática dimensão permite ao artista, criar trabalhos em escalas, que não improváveis na vida real. A arquitetura do espaço é flexível e totalmente serveil para exibição: Muros podem ser extendidos, portas podem ser removidas, o teto é feito de vidro, espelhos ou madeira, até a iluminação pode ser controlada. Por causa de seu espaço físico, Probe só pode ser acessível pela internet, o registro da exibição é a exibição em si."

Proble consiste de vários artistas que tem como objetivo experimentar a proposta que o próprio lugar oferece, usando-o como laboratório para experimentos que não teriam lugar apropriado para tal. Em meio a dezena de artistas, se encontra Berndnaut Smilde, o criador do projeto Nimbus em 2010, cuja proposta é criar por um período de segundos, uma nuvem no local para ser registrada por meio de fotos, já que não haveria outro modo de faze-la ficar mais permanente do que uma imagem. Nesses dois links aqui embaixo você pode ver mais detalhes como fotos tiradas do experimento e uma ideia de como o projeto para criar a nuvem foi feito.

você pode ver como as nuvens são feitas no vídeo que há nesse link

Veja o Projeto Nimbus, de Berndnaut Smilde

quarta-feira, 14 de março de 2012

domingo, 11 de março de 2012

(2) Representação da Semana



Não há muito tempo que foi divulgado um pequeno Teaser do trabalho do C125, um artista de rua que trabalha com grafites feitos em stencil para chamar a atenção das pessoas. Vale a pena conhece. Como um dos comentários mais adequados que eu achei sobre ele:

"Christian Guémy, conhecido como C215, um artista, um criador, e a alma das ruas.
Ele tem incríveis trabalho, do tipo que você deve parar para olhar por um tempo"




Conheça mais o incrível trabalho dele através da página no Facebook e Site
 


Boa semana!

sábado, 10 de março de 2012

(13) Sonidos de Las Noches

Romulo Fróes é um dos personagens mais interessantes do samba nacional. Muito citado quando o assunto é sobre a identidade e estruturação do samba na contemporaneidade. Seu cd do ano passado, Um Labirinto em cada Pé mostra claramente seu comentário em entrevistas quando disse que "quer ser mais ouvido na mensagem de suas músicas do que quando é entrevistado".

Varre e Sai

Criação vs Curadoria

O texto em inglês pode ser visto aqui, eu traduzi para português para quem sabe ler em outra língua.




Anônimo pergunta para a página do tumblr de Lou Noble, fotográfo profissional de Los Angeles:

"Tem alguma chance de você poder permitir o compartilhamento pelo Flickr? Eu estou sempre vendo as suas fotos e adoraria poder compartilhar elas direto daqui."

Não! Francamente,  eu não estou mais enamorado com todo esse compartilhamento que há na internet, especialmente no tumblr. Não tem haver com os direitos ou proteção de fotos...sério, eu só não gosto do jeito que olhamos para as fotos, nesses dias. Como parte de um constante rolar dos nossos dashboards, olhando por um momento, continuando, olhando, continuando. Dá a impressão que as fotos não alcançam o seu objetivo, nesses dias. Tumblr, Twitter, Facebook, todas parecem construidas para serem rápidas, volumosas.

E eu sou da opinião definitiva que não há outro modo de olhar para arte. Eu gosto do Flickr, tem a foto, você olha o quanto você quiser, e então vai para a próxima página. Cada foto tinha uma janela para si própria, nenhuma outra foto/texto/filme/etc invadindo pelo topo da página.
Eu gosto do meu website, o design é um pouquinho mais antigo do que os outros site de fotos, mas cada foto tem sua própria página. Olhe o quanto você quiser, então vá para a próxima, nada na periféria incitando você a continuar.

Eu gosto da ideia da Internet Lenta, de você se acostumar de ter o seu tempo com as coisas que você quer experimentar, de dar um passo atrás da constância (talvez incessante) fluxo das coisas que vêm para você a cada direção, ter a chance de realmente se concentrar nas coisas que você está envolvido.

Que tal isso: Se você realmente gostou da minha foto do Flickr, me mande um email, eu vou mandar pra você uma cópia tamanho largo. Escreva algo sobre isso no seu tumblr. Desse jeito eu sei que voCê gostou, e você ainda adiciona alguma coisa, cria alguma coisa, mesmo que seja só um comentário.
Criação vs Curadoria...mas eu suponho que esse já seja um outro grande tópico...

quarta-feira, 7 de março de 2012

(12)Sonidos de Las Noches

Jards Macalé e seu maravilhoso cd de 1972, com a famosa canção Movimento dos Barcos, interpretada por muitos artistas ( só consigo me lembrar da Bethânia agora. )



Rotinando a doninha



Rotinas que eu pretendo manter durante um bom tempo:

01-Acordar pra alongar

02-Alongar na estação de metrô enquanto o vagão não chega

03-Ler um livro no metrô

04-Fazer a proporção de uma garrafa de água de 500 ml a cada pão de queijo grande que eu como, evitar outra pedra no rim.

05-Entrar na internet e todo dia assistir um vídeo de de uma "nova" pegadinha do Silvio Santos aqui , um vídeo relacionado a ballet, na maioria das vezes no canal da Bolshoi , Anaheim ou da Russian Ballet Videos , ver sempre um vídeo do museu virtual BFI Films aqui  , além de ver sempre um vídeo de videogames do Azuritereaction ou do Pewdiepie, dentre outros vídeos que eu vejo de vez em quando.

06-Olhar pro colar azul e dar bom dia sorrindo.

07-Agradecer a comida e bebida de cada dia.

08-Desligar o alarme toda vez que ele toca, geralmente mais de cinco vezes até eu decidir levantar.

09-Olhar as nuvens.

domingo, 4 de março de 2012

(1) Representação da semana

Eis aqui um trecho do filme Flames of Passion, lançado em 1989 pelo diretor Richard Kwietniowski. Esse trecho mostra o envolvimento de um homem aparentemente sucedido com as fotos deixadas por um misterioso homem em uma cabine de fotos. Recomendadissimo pelo ambiente que é proporcionado junto a trilha sonora, da qual desperta curiosidade.

sábado, 3 de março de 2012

(11) Sonidos de Las Noches

Versão acústica de Everlong, do Foo Fighters




Reflexões sobre pensamentos instantâneos.



Hoje saindo da padaria depois de ter comprado um saco com três pães de queijo grandes e uma lata de kuat, sai da loja e dei de cara com um mendingo pedindo uns trocados.
Puxando a carteira do bolso da bermuda e colocando o saco entre o braço, meu equilíbrio com os objetos se mostra ruim como sempre e faz o saco de pão de queijo cair no chão, o que me faz observar atentamente se um dos pães vai sair do saco e encostar no chão.

Agachando pra pegar o pão, um pensamento rápido me veio a cabeça: "Dá esse pão de queijo a ele."

O que nós achamos que os mendigos são hoje em dia? Talvez animais esperando por uma boa mão que o possa alimentar ou sustentar o vício, pensando só na boa recompensa que é poder ajudar alguém. Centrado no ego. Ficou mais fácil negar algo para essas pessoas quando já nos acostumamos a dizer não, quando inventamos desculpas como "Esse é o dinheiro da passagem" ou "Não tem, parceiro". Não to defendendo o sustento de mendigos, mas também não posso (ou não deveria) deixar o meu ser humano de lado, deixando de pensar no que passam essas pessoas, ou até deixando de as considerar como pessoas. São muitas questões envolvidas mas nada disso justifica uma ação, ou pelo menos a deixa aceitável em todos os pontos de vista.

No final eu dei os trocados e fui embora, depois de ter dado outra resposta rápida como "Não seja ridículo, eu sei o que eu quis dizer". Talvez ainda haja esperança em mim.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

(10) Sonidos de Las Noches

David Brubeck



doirelato




- Eu acho que tem sim problema quando você reclama de algo mas segundos depois acaba fazendo igual. Eu mesmo percebi que fiz isso três vezes hoje. Porém isso não justifica nem a mim nem a quem fez, foi feito.
- Sabe, hoje eu acho que tive um sonho, um daqueles sonhos inventados quando a gente pensa dentro do próprio sonho, não sei explicar
- Conta
- Sonhava que existia um menino chamado Billy, alguém chamou ele assim. Ele se encontrava no asfalto, um único bloco de dois metros quadrados. Então a sua sombra começou a se separar e ir para várias direções, como se corresse na direção que ela estava. Billy ficava vendo aquilo sem pensar nada, mas quando o fez, já se percebia em outro lugar. Uma floresta.
- Que sonho psicodélico.
- Então ele se viu correndo atrás das árvores, pois ele corria corria e nunca chegava a nennhum lugar, continuava plantado onde estava. Muito tempo depois ele percebeu que não devia mais correr atrás delas.
- O que isso quer dizer pra você?
- Sei lá, vai que Billy cansou, vai que as árvores deviam correr atrás dele agora, se fosse tão importante assim pra elas. Só sei que ele ficou por lá um tempo até eu acordar...e dormir de novo.
- Por isso você chegou atrasado hoje né?
- Shiu.

--  --  --

Eu andava em passos rápidos, movido por um música de batidas fortes, pela serena noite que anunciava uma chuva. O efeito que eu esperava finalmente tinha começado. Eu podia andar devagar e rápido ao mesmo tempo, com os olhos fixados no que havia na minha frente, nos prédios e no céu que me rodeavam nessa cidade. Me vi como o menino no espelho, como Fernando Sabino me ensinou em seus relatos. Eu vi que podia pular sem sair do chão, eu vi que podia gargalhar sem abrir a boca, sorrir sem levantar as bochechas.

Não há s, não há plural, tudo é um singular.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Estilhaço

foto pelo usuário AllEnWaLkEr123 no deviantart

- O que aconteceu?
- Como assim? Eu não fiz nada.
- Você não está sendo você, algo aconteceu dentro de você. Você não está parecendo você.

Como ele poderia saber? Como ele poderia saber que eu não estou bem, que eu não sou a mesma pessoa desde que aconteceu aquilo. O que há com o espírito que anuncia para os seus vizinhos o sofrimento que passa dentro de si. Quando chega a tal ponto de começar a alterar o físico, faz o peito apertar e as pernas ficarem dobradas.
Eu achava que precisava de alguém, beijei várias pessoas, contactei o ato carnal múltiplas vezes para ver se o meu gozo se tornava realmente um gozo de espírito. Usuflui da minha fraca imaginação para um momento onde eu pudesse me sentir alegre, onde meu corpo pudesse agradecer por isso. É o retrato de Dorian Gray, é o espelho do horror, é o meu pior pesadelo, a última coisa que eu queria presenciar. Eu mesmo.

Mas ainda há um caminho para voltar.

(9) Sonidos de Las Noches


Four Tet

Pare o que você está fazendo e ouça.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

(8) Sonido de Las Noches

Ouvindo sempre os conselhos de mãe, fui procurar quem seria a cantora que cantou no programa Experimente do Multishow. Pesquisando, descobri que se tratava da incrível Clara Moreno, a filha da cantora Joyce que começou carreira de música faz um bom tempo já.



Aqui um vídeo pra conhecer. Clara Moreno junto com Celso Fonseca.


O prefixo Indesim



Há dois dias eu tinha ido a casa de um parente. Ela me recebeu com um sorriso e me convidou para entrar, retribui o sorriso e dei passos a frente. Horas de conversas e risadas passaram, onde uma delas foi um trecho randômico que passou logo:

-Eu acho muito ofensivo como você diz essa palavra.
-Eu não acho ofensivo.
-Mas é, tem um tom muito vulgar, acaba ofendendo algumas pessoas.
-Porque você tá defendendo elas se você nem faz parte desse tipo de pessoas?

Quando cheguei em casa, peguei o canetão e escrevi no muro da varanda a palavra "diferença"

Outro dia eu havia encontrado meu amigo no supermercado, era uma tarde fria daquelas onde as nuvens tem ciúme do Sol e não deixam as pessoas vê-lo. Por ter ficado feliz de ter visto ele desde muito tempo, pulei no meio da parte dos produtos higiênicos, acenando para que ele pudesse me ver. Ele voltou do final do corredor andando de costas, colocando um breve constraste no rosto mostrando um sorriso. Quatro segundos depois ele tinha que ir, não muito empolgado.

Quando eu cheguei em casa, fui ao muro e escrevi a palava "interessado"

Hoje, conversando com mamãe sobre amizades e sobre como muitos na verdade só querem ascender de alguma forma, percebi um sentimento que muito transparecia em sua face por causa de suas experiências quando tinha a minha idade. A frequência que as mesmas situações aconteciam com ela fazia ela ter um certo conjunto de pensamentos que levavam ao desprezo.

Demorando a concluir o que ela teria, resolvi escrever no muro a palavra "paciência". Peguei essas três palavas, escrevi em um papel de pauta e me coloquei por pensar durantes uns bons minutos, no quanto minhas próprias reflexões estavam tão incompletas quanto ao que faltava concluir sobre tais palavras.

É difícil enxergar algumas coisas de vez em quando.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Representação da semana


Incrível trabalho de perspectiva da artista Felice Varini, mechendo com a nossa representação da imagem seja em espaços urbanos ou fechados a partir de um ponto de vista definido.

Não entendeu o que eu disse? Acha que isso é só uma imagem feita no photoshop? Olhe esse post e reflita.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

(7)Sonidos de Las Noches

Sua vida passando em sua frente, é isso que me remete essa música do Squarepusher, banda que estou conhecendo agora.

Interpretando a doninha

O que se passa por aqui? Essa é a pergunta que eu faço pra mim mesmo antes de começar a postar algum texto, especialmente quando eu não sei como começar, o que é o caso agora.

- Pense um pouco nas coisas que você quer guardar pra poder rever mais pro futuro. Isso pode se tornar um pouco suspeito de uma pessoa "precavida" como eu, mas espero que te faça refletir se isso é importante ou não.

-Reclame menos. Diminui as possibilidades de você se tornar uma pessoa explosiva com os assuntos sem importância ou brincadeiras.

-Cale a boca.

-A necessidade de verdades todo o tempo não é tão necessário assim. Uma dúvida, cruel ou não, pode aflorar toda uma gama de ideias e questionamentos, sejam eles bons ou ruins, o risco é seu. Ter dúvidas é bom, ter certezas demais é cansativo.

-Não leve esse blog a sério ( recomendável para quem está entediado )

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

(6) Sonidos de Las Noches

Moderat, com seu baixo eletrônico despertando algo primitivo, criando um ambiente geneológico.






Fones


Nós sabemos dentro de nós porque fazemos isso. Porque tampamos nossos ouvidos com aparelhos com formatos arredondados para ouvir ruídos que nosso cérebro transforma em algo agradável ( ou não ) para nos distrairmos. O objetivo é exatamente esse: Distração.

Já faz uma semana que eu estou pensando em quantas falas, quantos diálogos eu devo ter perdido por estar com os fones de ouvido ligados. Eu vejo cenas ao meu redor ouvindo alguma música e fico pensando que, talvez, se eu tivesse dado uma pausa na música, teria ouvido algo que teria me feito pensar. Eu entendo que a sensação pode ser a mesma quando você está em algum lugar e uma música se encaixa perfeitamente, mas tanto um quanto o outro são para os mais atentos, os "observadores de muros". Queremos nos isolar, tentando nos achar em cada refrão, em cada melodia, quando podiamos nos achar nas palavras do cotidiano que insistimos em achar que já ouvimos o suficiente

Decidi escrever sobre esse assunto depois que eu peguei o jornal do Meia Um e li o artigo chamado  ‎"Solidão Coletiva" que minha amiga, Suélen Emerick, escreveu para eles aqui no final da página. Eis um trecho:

"Solidão coletiva. Uns com livros, mas a maioria internalizada em seus fones de ouvido. A única comunicação bem-sucedida é a voz que indica a estação."

sábado, 11 de fevereiro de 2012

(5)Sonidos de Las Noches

A inspiração para o post abaixo foram duas músicas do Death Cab for Cuties, de dois cds diferentes e para muitos fãs que eu conheço, os melhores cds que eles fizeram até agora ( isso incluindo o Code and Keys, o novo cd deles de 2011  )

A primeira música foi a segunda faixa do cd Narrow Stars, chamada I will possess your Heart.




O segundo é o Transatlanticism (que particularmente é o melhor cd que eles já fizeram) com a música com o próprio nome, Transatlanticism.




O que acontece quando os braços são abertos




O que acontece com o corpo humano quando encontra com um objeto que transmita uma grande sensação que o faz enfurecer-se na necessidade do mover? Quando é transmitido através de uma música, vídeo, uma cena que tenha visto ou até mesmo um contato físico.

É como uma reação defensiva do seu corpo, você foi tocado! De alguma maneira foi, e agora você tem que se manifestar de alguma forma para não ser uma pessoa em grades. O que acontece com o corpo humano em sua necessidade, forte necessidade de pular, de se movimentar fora dos padrões sociais que poucos lugares como um show da sua banda favorita, parques ou até mesmo algumas igrejas oferecem sem ser visto com estranheza? Quando você sente o seu peito, ombros e braços comunicando que eles tem que fazer algo, algo agora! É necessário pois há algo que move você, que tocou o seu interior com uma sensação que você precisa, mas não acha, porque ela acha você. E ela achou agora.

Como o primeiro ato de sair da sua zona, somente se levantar e sentir que as pernas também querem fazer parte desses únicos minutos que você vai passar. E você sente, você sente que depois que você pôde fazer algo com o seu corpo, a sua representação do próprio espírito quando se encontra com a alma, você poderia chorar sem motivo algum. Eu estou de braços abertos agora, olhando para o céu dessa noite, olhando para as estrelas e para as nuvens que me contemplam. Elas se juntam a mim, ao meu encontro. E eu sei que "eu não vou ser o único que vai ver quando o céu se junta com a terra" ( Eddie Vedder )

Vivemos em uma época sombria, pois não há momentos permitidos (em muitos sentidos) para o auto-encontro. Não é a libertinagem o que eu falo, mas é simplesmente a sensação de "movimentar seu corpo conforme a música".

Aprender a se emocionar.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

(4) Sonidos de Las Noches



O esplêndido Marku Ribas! Um dos nomes do groove e samba-rock no Brasil e o único cara que gravou com os Rolling Stones. Infelizmente eu não achei um vídeo com qualidade da música 5,30 schoelcher , então eu coloquei a clássica Zamba Bem, versão em português ( porém eu prefiro a em língua angolana ). Seu principal e representativo cd é o "Underground", gravado em 1973. Cd que passou por várias dificuldades no período do regime militar. Hoje com mais idade, aqui uma apresentação do Marku Ribas no programa do Jó, mostrando uma das apresentações ao vivo que deixam encantado qualquer um que vê, por sua presença de palco.
Recomendável totalmente a procura do Cd Underground, fácil de achar colocando no google as palavras "marku ribas underground"



Arrependimentos puxados na cordinha.



Ele pegou o ônibus depois de um dia curto de trabalho, sabia que estágio seria um paraíso se tivesse experiência com outros trabalhos que cobrassem horas a mais de trabalho, o que muitos chamariam de trabalho de verdade, e com razão.

Sendo sempre um dos primeiros a entrar no ônibus, já escolheu seu lugar à janela e se acomodou colocando sua música para fins instropectivos. Enquanto isso, ele observava as pessoas que passavam pela catraca, inclusive um homem com uma barriga bem gelatinosa demonstrando uma demora para passar. O tal homem se aproxima e pergunta - posso sentar aqui? - Claro. Sua presença ao meu lado agoniava, ele só queria se isolar durante sua viagem em suas músicas que tentavam relaxa-lo embaixo do sol. Porém não aconteceu, este homem pretendia lhe investigar através de conversas como odiava o carnaval citando PC Siqueira, sua desistência de nove cursos, a nova falta de motivação para continuar o curso atual de administração, como precisava fazer algo sempre para não comer tanto. E ele desconversava com frases curtas mesmo já desistindo de deixar um fone de ouvido na orelha que apontava para a janela. Provavelmente este homem nem notou muito, pois havia momentos onde aconteciam comentários curtos como entre os dois para iniciar outros assuntos dos quais este homem sempre puxava, junto com perguntas e mais perguntas.

E esse interrogador fazia questão de encara-lo com seus olhos cujos globo se puxavam mais para frente. De fato sua aparência não era a das melhores se fosse contar no geral. Escondia seu cabelo curto encaracolado em um pequeno boné branco e mostrava uma falta de conteúdo que surpreenderia como começava os assuntos. Porém era um bom comunicador e fazia questão de querer atenção.

Ele não aguentava mais e finalmente praticou seu plano maligno: Desceria ali mesmo para pegar um ônibus depois. Cortou o assunto e disse: Vou descer aqui e fez um comentário rápido antes de apertar sua mão, tinha que agir natural. Desceu, mas não foi somente seus pés que tocaram o chão, como também sua alma. Se sentira mal, mal porque este homem não o fez por mal, sua essência nao mostrava sinal de segundas intenções a não ser querer dialogar com alguém para se distrair da viagem. E ficou no lugar onde desceu muitos minutos depois que o ônibus ir continuar seu destino. Traira sua confiança social mentindo por uma razão muito rasa, achava que seu momento consigo era mais importante do que uma conversa informal, porém, nesse momento a única pessoa que ele não queria acompanhado era com ele mesmo.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

(3) Sonidos de Las Noches

Sonny Terry



O amante de Lady Chatterley - Capítulo VII


- Haverá verdadeiros homens no futuro - afirmou Tommy. - Homens reais, inteligentes e sãos...e mulheres sãs e gentis! Não será isso uma mudança, uma grande mudança? Nós não somos homens, e as mulheres de hoje não são mulheres. Não passamos de provas, de experiências mecânicas e intelectuais. Poderá advir uma civilização de verdadeiros homens e de verdadeiras mulheres, que substituam êste nosso grupo de bonecos sem maior desenvolvimento mental que uma criança de sete anos. Seria ainda mais surpreendente do que homens-fumaça e bebês em garrafas.
 - Oh! Quando começam a falar de verdadeiras mulheres, eu abandono a partida - protestou Olive.
- Certamente, a única coisa de algum valor em nós é o espírito - disse Winterslow.
- Espírito! - chasqueou Jack, erguendo intencionalmente o copo e bebendo o seu whisky-and-soda.
- Julga assim? Sou pela ressurreição do corpo! - disse Dukes. - E isso virá, quando sacurdirmos de nós todo o peso do espírito, do dinheiro e do resto. Teremos, então, a democracia do contato, em vez da nossa democracia do bôlso.
Alguma coisa vibrou no coração de Constance: "Eu sou pela democracia do contato, pela ressurreição do corpo!" Embora não soubesse o que isso queria dizer, fêz-lhe bem a frase, como acontece com muita coisa incompreensível.
Nao obstante, achava tudo aquilo terrivelmente idiota e estava saturada de tudo - de Clifford, de tia Eva, de Olive, de Jack, de Winterslow e do próprio Dukes. Palavras. Que inferno, aquêle contínuo matraquear de sons!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

(2) Sonidos de Las Noches

Alguns já devem ter visto esse vídeo no facebook em formato de videoclipe, mas cá estou eu postando novamente.

Mogwai é uma banda que me conquistou desde o ano passado com o novo cd "Hardcore Will Never Die, But You Will.", ouvi esse cd repetidas vezes em 2011 e só parei de ouvir por usar outro computador. Porém baixando o Itunes Session do show ao vivo deles há duas semanas, depois de ouvir repetidamente, fiquei me perguntando como é que eles nunca vieram pra cá.
E quando você menos espera eles vão fazer um show aqui no Sonar dia 12, hahaha.

Enfim, essa música não é do cd e eu só ouço no youtube, porém ela é além de uma música, de certa forma a melodia dela me toca. O clipe não oficial caiu muito bem por falar nisso.

 Com vocês, Mogwai em The Sun smells too Loud.





Explicando as coisas tarde

"Eu sou um resto que eu detesto de um projeto cultural
Imobiliário, financeiro, otário quase oficial"
       Romulo Fróes                

Dentre os mais de 5 blogs que eu já fiz e os mais de 5 que eu já exclui, aqui está mais uma tentativa de deixar pública os meus pensamentos e opiniões sobre...o nada. Porque hoje tudo é nada e no silêncio o nada acaba se tornando tudo.

Vou tentar fazer duas postagens por dia, sendo uma delas um vídeo, seja de uma música ou não, de algo que tenha me chamado a atenção ou que eu tenha ouvido muito. Se for música, é o chamado Sonido de Las Noches como vocês já puderam notar

Bem vindo ao novo projeto, bem vindo ao novo entretenimento, a sua forma básica de prender a atenção em algo.

Sorria!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

(1) Sonidos de Las Noches

Então, comemorando essa noite com a notícia que o James Blake vai tocar no Sonar junto com Mogwai, Austra e Modeselektor, também por eu estar em um ambiente bem minimal nesses dias, mais um vídeo do querido acompanhador de noites, o próprio James Blake.

Faça questão de ouvir com fones de ouvido.



Lente de gente


Eu gosto dessa foto, eu acho que é uma das poucas fotos onde eu realmente me achei sabe? Quando você olha para a imagem e pensa: "É, esse sou bem eu mesmo".

É engraçado pensar, a lente de uma câmera é uma representação dos nossos olhos, com a única diferente que uma imagem pode ser guardada muito mais tempo do que uma mémoria, se bem preservada. E nessa câmera a gente se acha em algumas fotos e não se reconhece em outras. O que mudou? Ou será que tinha alguma coisa pra mudar? Afinal isso não se baseia em algo errado ou certo, esse só sou eu refletindo sobre a minha foto com o meu casaco que costumava ser o meu preferido até eu perder.

E as pessoas? Será que elas se acham na gente como a gente se acha nas próprias fotos?

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A arte de narrar está em vias de extinção - Walter Benjamin



Walter Benjamin em O Narrador.

( 0 ) Sonido de Las noches

Sendo a doninha

Algumas coisas que eu aprendi ou pelo menos tento colocar em prática pra aprender.

- Evitar ir ou fazer coisas/atividades/matérias de faculdade por causa de segundas intenções que não sejam aquelas pelo qual você deveria ter por ir em tal lugar.

- Tudo é possível.

-Ouvir música o tempo todo é ruim. O silêncio ou o som ambiente é necessário pra se situar.

- Não se negar pra negar a si mesmo. Ser.

- Amores platônicos mantém a saúde bem.